“Parabéns atrasados Avó…”
O dia começava longo…
Depois de eu escutar, de eu ouvir, eu ignorei o que tinha de
ignorar…
Por vezes quem mais sente, é quem mais abraça o silêncio
Queria fazer como sempre fiz, e por isso mantive-me fiel
aquilo que era…
Tinha de ser pessoal, tinha de acontecer bem perto de mim
Mas as horas passaram, e seria uma angustia para mim encarar
a verdade
Quanto mais a realidade em que isto se tornou…
Preto no branco, onde era deixou de ser, mas uma mágoa tão
dolorosa jamais poderá um dia ser sarada pelo além das desculpas ou perdões…
São incentivos da vida para me abrir os olhos perante os
portões da tão injusta palavra
Morte…fim…nunca mais…
E assim se passa mais um ano em que eu disse as mesmas
palavras, com os mesmos provérbios, na esperança de vir a ser completamente
igual, mas sem sucesso
Pois tu não estás cá…e nunca mais te verei…
Confesso aos sete ventos o quanto me dói, e luto com todas
as minhas forças e energias para ignorar todos os pensamentos que me levam até
ti…
Mas tudo me trás até ao teu carinho, aos teus abraços e
caricias
Principalmente o teu sorriso que tanto me acompanha…
Hoje após tanto tempo ainda me desfaço nas mesmas
quantidades de segredos…
Chorar é uma virtude, mas por ti é uma dolorosa e infinita
crise psicológica
Porque te foste assim tão derrepente?
Pensava que ias durar para sempre
Nunca acreditei de facto que tu pudesses perecer para o
infinito do além
Talvez eu tenha perdido a minha inocência no dia da tua ida
Quem me dera te ter dado a noticia que tanto ansiei um dia
dar
Eu vou ser pai…
Por isso confesso-te
Não te dei os parabéns pessoalmente porque não consegui…
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