"Olá Constança, olá filha..."



Não sabia o que serias, ou como te chamar
Parecias uma ideia, um conceito, ou talvez uma pureza impossível de perceber
Não era medo, ou inconsciência, mas é algo incontrolável
Tu irias aparecer e dar-te a conhecer ao nosso mundo maravilhoso
E claro, com toda a clareza, cá te estaríamos a esperar ansiosos, pais…
Desconfiei obviamente a tua presença, feminina na sua essência
Não queria saber se estava errado ou certo, apenas queria que existisses para o além do conceito
Pois a beleza não começa quando nos dizem que vamos ser pais
Mas sim quando te começamos a ver crescer nas tuas pequenas e memoráveis vitórias
Primeiro uma hipótese, depois um nome e finalmente se és saudável
Reparaste por momentos se eu hesitei no teu sexo?
Não pestanejei sequer, pois tudo aquilo que importava para mim era saber a data e a hora a que o teu comboio chegava
O problema era simples, pois não era hoje nem amanhã
E hoje já com o teu lindo nome, e com o teu corpinho bem formado, enquanto te divertes com os movimentos…uma pequena dança que lembra claramente a tua mãe…
És realmente filha dos teus pais…
Julgo que aquilo que começamos a experienciar não se baseia somente em amor ou prioridades
O orgulho de te imaginar, assim como será quando tu estiveres cá fora, junto de nós
Tanta responsabilidade e tanto para te ensinar, principalmente como te defender
Não duvides que virás para os melhores pais do mundo
Pois a nossa vida…essa, és tu, fosses menino ou menina
Percebeste Constança?
Agora por favor, se um dia leres este texto, considera-o como o primeiro do teu pai para ti
Considera-o como um orgulho e uma outra vitória inesquecível
Não o dia que descobrimos o teu sexo, mas o dia em que oficialmente te pudemos chamar pelo teu nome próprio…
O dia em que me fizeste pensar e meditar como tu poderás vir a ser
Sei que serás filha dos teus pais
Como tal, perfeita

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